De acordo com a coordenadora do curso superior de Gastronomia oferecido pela Ceunsp, em Itu, interior de São Paulo, professora Sandra Carvalho, hoje os clientes são muito mais exigentes. “Exigem pratos sofisticados, mais saborosos e principalmente um atendimento de melhor qualidade. Para que estes quesitos sejam atendidos é de extrema importância que se tenha mão de obra especializada”, afirma.
A explosão do mercado começou na década de 90, sobretudo com a vinda de chefs internacionais para o Brasil, trazendo muita criatividade à mesa. Armas usadas para impressionar na apresentação dos pratos e fidelizar o cliente se tornaram obrigação para os restaurantes mais antenados. A contratação de um chef com uma bela formação, um sommelier, cardápio com pratos próprios, atendimento diferenciado compõem as mudanças no setor.
“A influência da cozinha estrangeira é fato. A cada ano cresce mais o consumo de vinhos no Brasil, e principalmente o consumo por pessoas que conhecem o que estão consumindo. De 2008 para 2009 o consumo no Brasil manteve-se estável, mesmo com a crise econômica. Ao mesmo tempo temos um país enorme, habitado por pessoas de várias culturas e isto interfere na formação de novos restaurantes”, avalia Sandra.
A abertura de cursos de Gastronomia comprova essa tendência. Em 1986 foi criada a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Em 1999 aconteceu o I Forum Nacional das Associações da Gastronomia. “Surge a necessidade da adequação dos estabelecimentos do setor às boas práticas de alimentação, pois cada vez mais as refeições passam a ser realizadas fora do lar”. Em 2006 começaram os Festivais Gastronômicos como forma de valorizar a gastronomia brasileira.
No início da década de 90 os cursos de Gastronomia abrigavam menos que 20 alunos por sala. Em 2000, o interesse pela profissão começou a aumentar com a criação do curso de tecnólogo em Gastronomia. São dois anos para que se obtenha o diploma universitário. Hoje, somente no estado de São Paulo há três mil estudantes de Gastronomia.
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Sandra salienta que a existência de profissional graduado em Gastronomia vai além da cozinha. Os cursos ensinam também gestão de pessoas, cálculo de custos, empreendedorismo e marketing. “Para ser um grande chef é preciso conhecimento amplo na área”, opina. E, para se manter no mercado cada vez mais competitivo, é necessário ter como foco a área de compras. “É o coração do restaurante. Depois, saber planejar, calcular e estabelecer custos, controlar e gerenciar pessoas, selecionar e contratar, ensinar, definir regras e, logicamente, saber cozinhar muito bem”, relaciona a professora.
Aptidão para área também é importante. É preciso saber pelo menos “pegar na faca”. Ler sobre o mercado e ter consciência de que embora seja uma carreira promissora, é uma área difícil. “Muitas vezes é preciso começar de baixo, lutar muito para se destacar. Em um curso de gastronomia não existem somente disciplinas práticas, muitos acham que é só cozinhar, como nos programas de TV. Há muito mais por trás disto”, ressalta.
Números
Sandra Carvalho é graduada em Zootecnia. Especializou-se em panificação e confeitaria, fez doutorado em Tecnologia de Alimentos e cursos de Culinária Oriental e Sommelier pela Associação Brasileira de Sommeliers. Atua como consultora em Gastronomia, coordena e é professora nas disciplinas de Cozinha Fria, Técnicas de Manuseio de Carnes e Pescados e Enologia, na Ceunsp. Também administra o Empório São Jorge, em Itu.
Fonte : Revista Sabores do Interior
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