Conheça a história de Jessica Marinzeck, sommelière brasileira que trabalha na Ilha de Malta!
Jessica Marinzeck, já foi comissária de Bordo, mas
trocou de profissão para se dedicar exclusivamente ao vinho. Atualmente, mora
com o marido em Malta, onde trabalha com vinhos e segue
fazendo cursos pela Europa. Jessica é Sommelière e diz não trocar esta profissão, por nenhuma
outra.
Confira abaixo a
entrevista que Jessica, concedeu para o Vin&Plaisir!
Vin&Plaisir - Quando
começou a se interessar por vinhos?
Jessica
Marinzeck - Por
volta de 10 anos atrás. Infelizmente, não venho de uma família que sempre apreciou
vinho, por conta disso, comecei a beber com amigos da faculdade, na época eu trabalhava
com Artes Plásticas e comecei a comprar vinhos de países diferentes, uvas
diferentes, mas nada teórico naquela
época.
Só quando fui morar em Dubai, isso em
2008, e desta vez trabalhando como comissária de bordo, é que tive acesso há
rótulos de todo o mundo. Nesta altura, a fácil locomoção, como tripulante, fez com que
eu viajasse para alguns países produtores de vinhos, como Austrália e África do Sul para aprender
mais sobre o assunto.
Daí, não teve jeito, a paixão falou
mais alto e decidi dedicar-me somente ao vinho. Fiz cursos em Londres, na famosa e renomada Wine & Spirit Education Trust
, em vinhos e destilados e de Sommelière . Hoje posso dizer que hoje não troco
o que faço por nada nesse mundo.
Vin&Plaisir - O que te levou a
procurar a experiência que vive hj?
Jessica
Marinzeck - Meu
companheiro não é brasileiro, então precisavamos encontrar um local que fosse
adequado para o meu trabalho e os negócios dele. A Europa tem sido a melhor
opção por sua acessibilidade, principalmente no meu caso, e em relação aos meus
estudos contínuos, como citei fiz cursos em Londres, mas em Novembro tenho
outro na Áustria (o nível 1 da Court of Master Sommeliers). Se estivesse no
Brasil, não só o tempo para fazer tudo isso , como também o custo seriam maiores. Optamos
finalmente por morar em Malta. Viver no Mediterrâneo é um presente por não
somente pelo clima e a gastronomia, como
principalmente, por causa dos vinhos
exuberantes que são produzidos nessa área (Sicília, Sardenha, Provence, etc). É
ótimo ter acesso a tudo isso com apenas poucas horas de vôo.
Vin&Plaisir - O que é mais gratificante neste trabalho?
Jessica
Marinzeck - Hoje trabalho como Consultora e Gerente de Vendas em uma importadora
francesa aqui em Malta. O que gera muitos estranhamentos por parte de alguns
clientes: uma brasileira, morando em Malta e trabalhando para uma importadora
francesa. O que é ótimo! Adoro o diferente. E é por isso que gosto muito do que
faço, adoro saber que minhas dicas dão certo, procuro sempre que posso sair do
habitual. Fico satisfeita ao saber que nossos parceiros estão lucrando e que seus
clientes estão satisfeitos com os produtos que fornecemos.
Como sommelière a gratificação sempre
vem quando você consegue agradar. Mas de verdade mesmo! Não é só o vinho, é
todo um momento! E quando eu consigo fazer daquele jantar, daquela refeição algo
além do rotineiro, do 'comunzão' eu fico feliz!
Além disso, tenho uma página no
Facebook, Twitter e também um site onde ensino da forma mais simples possível,
mas sem deixar de ser eficaz, sobre vinho. Meu foco é o público que está
começando a curtir seu vinhozinho. Aqueles que querem saber o básico para
escolher a bebida certa em eventos sociais (jantares e festas de amigos e
familiares). Gosto quando as pessoas me escrevem falando que ajudei com as
dicas, que falo a língua deles e que têm aprendido com o que escrevo. Fui
educadora em artes durante 4 anos e tenho bastante prazer em ensinar também.
Vin&Plaisir - Quando voltar ao Brasil, o que pretende fazer, já tem planos?
Jessica
Marinzeck - Eu já tenho algumas propostas e planos. Se eu realmente voltar, ainda
este ano, penso em trabalhar com escolas
de formação de profissionais na área.
Vin&Plaisir - Quais são os vinhos mais solicitados pelos clientes que atende?
Jessica
Marinzeck - Como sommelière percebo que muitos clientes ainda optam por aquilo que
soa mais familiar, talvez para não fazer feio, Chablis, Sancerre e Gavi, são vinhos bastante consumidos por aqui. Quando
estão em um orçamento mais contido é comum pedirem por Pinot Grigio. Mas nada
do que uma boa conversa para fazê-los se aventurar mais...
Muitos turistas gostam e preferem se
aventurar pelos vinhos locais. Nesse caso os tintos são mais consumidos , mas
ainda assim é comum brancos e rosés serem pedidos.
Já no caso da importadora é
diferente, trabalhamos com vinhos finos, franceses e italianos . Estes rótulos
saem mais para os nossos clientes privados e alguns restaurantes mais
sofisticados. Mas, a nossa gama de
produtos que já estão prontos para serem consumidos fazem bastante sucesso. Eu
daria destaque para dois vinhos que são nossos best sellers: M de Minuty, um
rosé de Provence que possui uma garrafa bem charmosa e atrativa , que é
perfeito para um almoço à beira mar e o Chateau Turcaud Blanc, um blend de
Sauvignon Blanc e Sémillon, cheio de frutas tropicais no nariz mas bastante
refrescante no paladar.
Vin&Plaisir - Como vc vê o consumo de vinhos quando começou a trabalhar com o segmento e agora?
Jessica
Marinzeck - No Brasil eu acredito que água ainda vai entrar em ebulição, entende? As pessoas estão perguntando
mais, degustando mais. Porém, acredito
que aquela coisa de começar a beber por vinhos chilenos e se aventurar pouco
fora dali, que foi o meu caso no início, ainda reina. E as famosas uvas
internacionais: Merlot, e Cabernet Sauvignon, ainda são base para as escolhas,
fora o preconceito com os vinhos nacionais. Por isso que procuro focar em quem
está começando, e desde já inserir a
mensagem que o mais bacana nesse mundo que é a variedade .
Vin&Plaisir - Qual o maior desafio na carreira de uma
mulher que trabalha com vinhos, na sua opinião?
Jessica
Marinzeck - Olha,
aqui em Malta o fato de ainda ser brasileira, causa estranheza. Do tipo: Mas o
que que brasileiro sabe sobre vinho? Daí, é preciso provar que você sabe
mesmo do que está falando, e isso é
fácil fazer em poucos minutos de conversa, depois dessa frieza momentânea as
pessoas se abrem e começam a fazer todas as perguntas e elogios quando o
assunto é Brasil.
Fora isso, não vejo mais nenhum
obstáculo, é uma área que não dá pra fingir que sabe por muito tempo, a máscara
cai uma hora ou outra, seja menino ou menina .
1 comentários :
Nossa adorei conhecer a trajetória da Jéssica Marinzeck, espero que ela possa mesmo vir para o Brasil e lecionar nos nossos institutos que ainda estão tão carente de pessoas com essa visão apaixonada, e fora dos padrões do mundo do vinho!
Ficarei na torcida e parabéns!!
SUCESSO!!
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Muito obrigada!